segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

"Por que é que vais para aí? Ninguém vai para aí!"

Ouço isto desde que fui de Erasmus para a Turquia.
Mais tarde, fui para a Letónia estagiar e mesmo não tendo sido eu a escolher o destino (fui comprovar no mapa onde estava o país) e a pergunta perseguiu-me.
Também se manteve quando disse que ia a Laos. Ou ao Cambodja. Ouvia-a também quando fui para a Índia e até quando escolhi o Peru (o Peru, senhores) como destino.
Mais recentemente, foi como o Irão.



Assim sendo, aqui vão as respostas.
E é por isto que eu viajo:

Sinto-me francamente feliz enquanto viajo.
Não que eu seja alguém com tendências depressivas, bem pelo contrário; mas em viagem sinto-me sempre feliz - e sim, eu já chorei e até já desesperei em viagem. Eu, que adoro dormir, dou por mim super activa e cheia de energias para ir, fazer e acontecer.

Contrariar os outros I: pessoas.
"Ali é só pobreza!", "São só terroristas!", "Todos brutos!",...
Eu acredito que neste mundo há mais gente boa que má, porém dá-se mais visibilidade à maldade do que aos actos bondosos (basta abrir o jornal!). E sempre que viajo comprovo isso.
Comove-me encontrar pessoas boas, generosas e simpáticas. Pessoas dispostas a ajudar, a falar sobre elas, sobre o seu país e cultura. Gosto de poder contrariar alguém e dizer que "sim, eu sei. Lá, eles não são assim!".

Contrariar os outros II: clichés.
"Só comem arroz!", "Aquilo é muito violento!", "Está sempre nevoeiro!"
No meu país (onde nasci e onde moro) também há violência e roubos e violações e mortes e doenças. Sabe bem dizer que os polacos bebem algo mais do que vodka ou que no Peru se come bem mais do arroz (que saudades da comida Peruana!).
Viva arrasar clichés e estereótipos.

Ir para onde ninguém vai.
Isso, meus amigos, é um privilégio. Eu quero ir onde os outros vão, mas quero também ver o que poucos vêem. Gostei mais de Luang Prabang em Laos do que de Amesterdão na Holanda. Os "frescos" e a capela de Goreme, da Capadócia (na Turquia) conseguiram-me emocionar mais do que o Vaticano. Talin (capital da Estónia) dá dois a zero a Helsínquia, na Finlândia.

Viver Viver. Viver 
(ou experimentar, experimentar, experimentar).
Eu já comi tartaruga (nada de que me orgulhe), iogurte com feijão e milho (nojinho) e escorpiões (crunchy).
Já andei num elevador na selva (uau), usei um chador (&%"#), andei de cobertor a fazer de saia e dormi nas cozinhas de gente que não conhecia e até em conventos.
Sou melhor pessoa por causa disso? Não, não sou.
Mas saí da minha zona de conforto, experimentei e vivi. E são estas pequenas coisas que me motivam a planear a próxima viagem e que me ajudam muito a tirar o cu da cama todas as manhãs e a ir trabalhar. É bom saber que há todo um mundo, cheio de pessoas e 3824973498 mil experiências novas que ainda me esperam.

A certeza de que "o meu país não é melhor que o teu" (nem eu!).
Sair da zona de conforto é bom. Deixar as comparações de lado também - que "estranhos", "fazem tudo diferente!", etc. A nossa cultura/sociedade/país/etc. não é padrão para ninguém, apenas para nós mesmos. Comer pão e beber leite com café ao pequeno-almoço não é "o que toda a gente faz". E uma manga sabe diferente em Lisboa ou na Tailândia.
Quando viajamos e nos entregamos deixamos de lado expressões como "assim é que se faz" e tornamo-nos mais empáticos, mais livres e mais conscientes. Pessoas melhores(?).

A reforma.
Maldivas e outras que me aguardem: aos 65 anos aí estarei!


Lembro-me de uma vez ler um comentário no Facebook, sobre os cortes no programa Erasmus, em que alguém dizia que este programa era a única coisa que evitaria uma III Guerra Mundial na Europa.
Não sou tão extrema, mas acredito que se o Bush tivesse ido de mochila às costas, ao Iraque, jamais teria havido guerra - sou uma tontinha, eu sei!

Retaliando

Barcelona, Espanha

Ali no dia 5 de dezembro, entre uma bolacha e um  chá, eu escrevi sobre coisas que queria comprovar em Barcelona, uma vez que após onze anos, voltaria a visitá-la.


Alguém fofinho respondeu:
(parece que alguém lê isto, afinal)
como portuguesa há oito anos na cidade condal
1. acontece-me muitas vezes, mas nem sempre.
2. alguns sim. outros da boca para fora. muitos não.
3. catalão é: imagina que tens uma panela, atiras lá para dentro um pouco de castelhano, um pouco de francês, um pouco de italiano, um pouco de português, uns pózinhos mágicos, tapas, agitas tudo muito bem e já está1
4. barcelona tem a praia - mesmo que horrorosa, no inverno cheira a mar - tem mar e montanha, tem bom tempo. madrid tem movida e uma data de coisas que ainda tenho que descobrir!
5. definitivamente os catalães NÃO são mais giros.
6. depdende com quem falas.
7. nahhhhhhhhh. e os catalães?
8. sempre que possível (eu incluída!)

eh eh eh eh eh eh eh

E agora eu retalio (jejeje - como manda o latim local)

1. Fora o "merci" e o "adieu", castelhano rules.
2. Só vi gente a querer separar-se da turistada. Ele eram bandeiras bairristas; ele eram cartazes e faixas a mandar os turistas dar uma curva;...
3. O catalão é português com erros ortográficos ;) Muitos erros!
4. Não sei. Não sei.
(a minha fidelidade a Madrid impede-me de responder)
Não sei. Não sei.
5. Os catalães não são giros. Nem os machos.
6. Ponham-nos (todos) (e à séria) a votar e logo falamos.
7. Naaaaaa... Barcelona fecha aos feriados e domingos e depois das 23h00 não há restaurantes abertos. Ninguém (depois de viver em Madrid) estaria pronto para viver nestas condições (precárias).
8. Bah. Andam. E sem risco de atropelamento. E sem subidas. Barcelona 5 - Madrid 0