quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Madrid me mata ou coisas de e/imigrante

Todos os dias passo pela Calle Preciados, que une Callao a Sol.
Quando vou com homem, a vida é pacífica. Sim, há uma quanta gincana a ter que ser feita devido ao excesso de gente, mas a coisa é tranquila.

Recentemente, o homem não estava cá e foi o vê se te havias, com as dezenas de "tienes un momento", "perdón", etc.
Claro que falo dos novos promotores comerciais, aka jovens licenciados sem trabalho ou que estudam e querem ganhar uns tostões ou que simplesmente jovens que querem ganhar uns tostões, que pedem dinheiro, perdão, ofertas para as instituições que representam - ele é UNICEF, ele é bichos, crianças e cancros, médicos sem fronteiras, etc.

Primeiro ponto, mais vale pedir que roubar, 100% de acordo.
Segundo ponto, eu acredito que NINGUÉM está ali por gosto. Eu não estaria. Ainda mais naquela ou em qualquer outra rua, ainda mais naquela calle super movimentada, onde são mais as caras de má vontade e com pressa, do que ao contrário.

No início até achava educada o tipo de intervenção, mas o que é demais enjoa e quando digo isto, digo-me aos tipos de abordagem:
- "Perdón, se te ha caído la sonrisa!"
- "Hola guapa! Estás estupenda hoy!"
- "Tienes un minuto? Como no?! Soy tan feo así? - seguido de carinha triste.

Até porque muitos são pessosas que não respeitam um NÃO. Como se já não bastasse este assédio diário, há aqueles que mandam bocas do género "ai-gastas-dinheiro-na-zara-mas-os-pobrezinhos-não-ajudas", só porque está a alguém com um saco na mão.
Há os mais insistentes, que mesmo depois de ouvirem um educado "não" continuam e perseguem a vítima durante seis passos mais!

Eu faço os donativos que quero e bem me apetece e ninguém tem que saber para quais ONG's, quanto ou se dou. Posso também já ter dado. Aliás, posso optar por não querer dar dinheiro e até posso querer espetar todo o meu dinheiro num vestido da Zara. Aliás, se é para gastar que seja Channel.
Este assédio hipócrita, esta extorsão de dinheiro, feita para que cada um se sinta um pouco melhor.

Quase toda a gente que eu conheço tem estratagemas para evitá-los, que passam por responder em inglês ou noutro idioma. Conheço gente , a quem subitamente o telemóvel toca e são muitos os que evitam o contacto visual, olhando para o relógio, mandando mensagens, etc. Ninguém gosta de dizer que não, muito menos 2378 mil vezes e ainda mais quando se sente empatia por quem está na rua, a fazer aquele trabalho e até se é solidário com a causa. Mas porra, dêem-nos paz!