quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Feliz 2015

(por esta vocês não esperavam, seus malandros!)


Os quartos dos filhos


Alguns amigos meus dizem-me que os pais deles mantêm de forma quase religiosa o quarto deles, mesmo após já terem saído de casa. Alguns até têm filhos.

No meu caso, a mudança foi gradual.
Primeiro tiraram as fotografias, pois tinham que pintar o quarto. Depois, colocaram uma máquina de costura.

E agora mudaram a cama, tendo o meu quarto sido convertido oficialmente num quarto de hóspedes. Restam-me os livros, alguma roupa e as minhas caixas e caixinhas.

Eu sempre guardei tudo - papéis de rebuçado, bilhetes de metro, pétalas de flores, etc. Eu que tenho uma memória de miséria, no que toca até a pessoas; mas consigo recordar-me só de olhar para um papel de sugo, o que fiz, com quem estava e a importância desse momento para mim.

Por isso, na outra noite, quando a minha mãe me veio com dois sacos de tudo o que restava da minha antiga secretária, para ver "o que presta", eu entrei em pânico.

Angustia-me pensar que possa ter ido para o lixo alguma coisa importante. O desenho de alguém. Um texto meu. Uma carta de um amigo.

Madrid me mata ou coisas de e/imigrante

Sobre o desgaste do adeus:
São mais de quatro anos de despedidas e fica sempre mais difícil.
Devíamos estar habituados. Treinados. Devíamos ter ganho calo. Mas não, custa mais.