segunda-feira, 6 de abril de 2015

Viajar para ver pobres

Recentemente, uma amiga dizia-me que ia fazer uma viagem. Boa, boa e onde?
Ela pensou em Cabo Verde, porque tinha vontade de simplicidade, de um sítio sem consumo e pobreza.

Oi?
Para ver pobres, não é preciso sair nem do bairro.
Além disso, os conceitos de pobreza e de bem-estar são relativos de país para país. Conheci muita gente, com uma casa só de cimento, que no país deles, são mais ricos do que eu. Simplesmente as prioridades financeiras são outras.


Entendo a vontade de ser solidário enquanto se viaja, assim como a vontade de saber mais sobre o modo de vida das pessoas do lugar e sem dúvida que há várias formas de o fazer, aqui ficam umas dicas:

FAZER VOLUNTARIADO DURANTE A VIAGEM
Contatar instituições locais e perguntar se podem passar uma tarde ou até dias. Perguntar o que necessitam - apesar de dinheiro ser sempre a principal carência.

APADRINHAR ONG's LOCAIS

OPTAR POR ALOJAMENTO LOCAL
Em vez de um grande resort, hotel de mil estrelas, etc., por que não um alojamento local? Procurar uma casa de família ou de turismo rural e ficar com eles?

EXPLORAR PELO PRÓPRIO PÉ
Em vez de se ficar preso ao programa da agência, agarrar nas perninhas e fazer-se à vida. Comer em restaurantes locais, contratar guias e explorar rotas fora das agências.

EVITAR COMPRAR COISAS A CRIANÇAS
Eu sei que isto é muito difícil de fazer e de resistir, mas o lugar de crianças é na escola. Nenhum país do mundo apoia legal e formalmente o trabalho infantil. A idade para trabalhar, até pode variar, mas crianças deverão estar na escola. Ao estarmos a comprar algo a uma criança, podemos estar a ajudar para a sua situação financeira e da sua família, mas não estamos a contribuir para que esta criança vá para a escola, que estude e que consiga um futuro melhor.
Enquanto aquela criança continuar a chegar a casa com dinheiro, ela continuará a trabalhar para a família. Assim como os seus irmãos e os filhos dos vizinhos.

O mesmo com ANIMAIS
Enquanto se continuar a dar moedinha aos macaquinhos na rua e a pagar excursões de elefantes, os donos continuarão a fazê-lo. Elefantes, macacos, tigres, etc. são animais selvagens, não dão a patinha, nem pintam quadros. O preços desta domesticação é feito através de GRANDE violência para o animal. Há sempre ONG's que trabalham para consciencializar para os direitos dos animais, por isso, vamos lá ser mais responsáveis nas escolhas de agências e de parques naturais. Óbvio que nem todos são maus, mas nada melhor do que estar bem informado e fazer escolhas conscientes nas viagens.

INTERCÂMBIO
Quando viajamos, não somos só nós que ganhamos na troca de vivências e experiências. Explique ao seu guia que não concorda com passeios de elefantes e explique-lhe a razão, fundamentando a sua opinião. Diga ao seu condutor, o porquê de não deitar garrafas de água vazias pela janela do carro, etc., etc. O mundo é nosso! A responsabilidade é de todos!