domingo, 9 de novembro de 2014

29.10.2014, Shiraz, Irão

Shiraz, Irão
Ontem, na televisão por cabo, passava o noticiário da CNN em inglês.
A primeira notícia foi sobre Reyhaneh Jabbari, uma mulher iraniana de 26 anos, que foi executada após ser acusada de matar um cirurgião de 47 anos. Depois da notícia, a jornalista questionava o Chefe dos Direitos Humanos no Irão.
Ele respondia que a justiça foi feita. No Irão, quem mata, morre. É a lei.
A jornalista não perguntou sobre  a alegada tentativa de violação de que a mulher diz ter sido vítima; nem sobre as declarações em que se dizia culpada, que foram obtidas sob tortura e após meses de isolamento; nem sobre a precária investigação.

E eu continuo ali, numa casa em Shiraz, no sul do Irão, em casa de uma família, em frente à mesquita.
Estamos todos sentados no chão, no tapete da sala, comendo uvas e bebendo chá, enquanto jogamos às cartas.
Das notícias ninguém fala ou comenta. Apenas se ouvem as gargalhadas das crianças, duas irmãs, cheias de vida e alegria.
O jogo continuou, mas apesar de eu continuar a ganhar, eu senti como se tivesse perdido.

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